Parece que sou todo instinto...

" A LINGUAGEM ADMITE A FORMA DUBITATIVA QUE O MÁRMORE NÃO ADMITE"
"A GRAMÁTICA APARECEU DEPOIS DE ORGANIZADAS AS LÍNGUAS. ACONTECE QUE MEU INCONSCIENTE NÃO SABE DA EXISTÊNCIA DAS GRAMÁTICAS, NEM DE LÍNGUAS ORGANIZADAS. E COMO DOM LIRISMO É CONTRABANDISTA"
Prefácio Interessantíssimo/Mário de Andrade

(pesquisem nos sites sugeridos
)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Terça Insana

Projeto Humorítico

"Me faz favor de dizer que Carlota Joaquina veio devolver os sapatos.De nada adiantou jogar a poeira pra fora do navio. Brasileiro não nos dá sossego.  Brasileiro não nos dá descanso, principalmente agora que fazemos parte da Comunidade Européia. Agora somos Europeus. Como estão a perceber, sou Carlota Joaquina, espanhola de nascimento. Aos dez anos casei-me com Dom João Sexto. Sou mãe de Pedro I, o verdadeiro mártir da Independência. Avó de Pedro II, aquele que era mais velho do que o primeiro e bisavó de Isabel, a redentora. Aquela que como eu gostava de uns pretinhos. Mas que deu mesmo foi pra um conde...Deu. Mas cá estou mesmo pra uma prestação de contas. Vim cobrar os meus direitos com Carla Camuratti. Ou como dizem os brasileiros, vim buscar os "royalties". Sim,porque Carla Camuratti não me fez nenhum agradecimento especial. Afinal de contas a seu pedido recebi Marieta Severo, a dona Nenê, que veio ter comigo em Queluz. Aliás creio que a primeira Grande Família  que conheceu foi a minha. Marieta é muito simpática. Veio fazer o que os brasileiros chamam de laboratório. Ficamos a conversar horas. Dei a ela umas dicas. Dei também uma buceta cheia de presentes. Mostrei a ela toda beleza e sensualidade da mulher espanhola. Sim, porque beleza e sensualidade da mulher portuguesa brasileiro está careca  de conhecer. E ao falar de beleza e sensualidade  falo isso com muita propriedade, afinal de contas tive nove filhos. Quatro deles com D. João Sexto. Os outros cinco são bastardinhos, mas se quiseres saber os nomes dos pais nem às paredes confesso. Mas confesso que brasileiro  também não é de todo mal. É agradável à vista, ao paladar. Quem não sonhou um dia com um belo broche...Um Marcos Palmeiras, Seu Jorge, Vampeta... verdadeiras iguarias...representantes bestias do legítimo pau brasil. Mas isto também se deve aos portugueses...sim, porque quando cá chegaram e do alto de um caralho de uma caravela avistaram esta terra  encontraram aqui uma carne vermelha. Chegaram com sua carne branca ...introduziram uma carne tostadinha  e criaram este verdadeiro espeto misto. uiiiiiiiii...mas não, existem também outros motivos para o meu retorno. Vim limpar de uma vez por todas o nome de minha família. Sim, porque se não fosse por meu filho vocês não teriam feriado prolongado  de sete de setembro. São Paulo não teria o Bairro do Ipiranga, não teria Rua do Manifesto, Rua dos Patriotas, Rua do Grito...grito que aliás ele não deu, porque é muito educado, ensinei desde putinho. Ele proclamou a Independência , não deu grito nenhum. Mas brasileiro gosta de falar. Dizem que meu filho abandonou  os brasileiros. Meu filho disse "Diga ao povo brasileiro que fico". Não prometeu namoro, não prometeu noivado, não prometeu casamento.  Apenas disse que ficava. E ficou.  Mas brasileiro gosta de falar...E gosta de uns eufemismos...umas figuras de linguagem...Eu digo que não deu certo, vocês dizem que foi por água abaixo. Eu reconheço o erro, vocês dão o braço a torcer. Eu não compreendo, vocês viajam na maionese. Eu digo Saramago, vocês  insistem em Paulo Coelho. Nós gostamos de comer punhetas, você não...Eu chamo de vandalismo, vocês chamam de Arte Urbana. Vocês gostam de ler livros de autoajuda, nós lemos livros de ajuda. Porque foi autoajuda pra quem escreveu, pra quem lê é ajuda...E vocês gostam de cantar  "quero ver se tu é homem mané"...E eu digo: Quero ver se tu és homem, Ma noelll...Mas creio que estas diferenças, estes revanchismos estão a acabar e é em nome disso que eu tenho apenas cinco coisicas a dizer a vocês: Luiz Filho, Deco, Pauleta, Cristiano Ronaldo e Felipão... agora morram de inveja."


 

As cinco qualidades do Lápis!

    

LEIA E REFLITA!!!

Há cinco qualidades no lápis que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

"Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Essa mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade."

"Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."

"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça."

"Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você."

"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços, portanto procure ser consciente de cada ação."

Paulo Coelho

FELIZ NATAL E UM ANO NOVO CHEIO DE AMOR E PAZ!!!

Profª JAC

domingo, 1 de novembro de 2009

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS



Literatura = Expressão artística através da palavra.

Prosa = Construção imaginosa de um texto que procura representar a vida.

Poesia = Texto literário em versos (conjunto de estrofes)

Verso é um conjuntos de sílabas poéticas com ritmo que formam a linha de um poema

Verso pode ou não ter rima

Verso com rima é rimado

Verso sem rima é branco

Estrofes é um conjunto de verso


“MOTIVO”

Eu canto porque o instante

existe e a minha vida está completa

Não sou alegre nem sou triste

sou poeta...


CANÇÃO
Nunca eu tivera querido

dizer palavra tão louca:

bateu-me o vento na boca,

e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,

deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado no rosto

com que te miro,

neste perdido suspiro

que te segue alucinado,

no teu sorriso suspenso

como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém

que o amor pusesse tão triste

Essa tristeza não viste,

e eu sei que ela vê bem...

Só se aquele mesmo vento

fechou seu olhos também
(Cecília Meireles)


PROSA DE FICÇÃO Conjunto de narrativas literárias de um autor ou país.
Conto – Enredo curto, poucos personagens, espaço (curta)

Novela – (média)

Romance – (longo)

Ensaio – dissertação de caráter científico

 
ENREDO Organização dos acontecimentos numa estória

FÁBULA Conjunto de acontecimentos que formam o enredo de uma narrativa
Para análise crítica: Considerados em sua sequência cronológica normal desfazendo as inversões cronológicas artísticas

Prosa de ficção

Conto: narrativa curta, com único episódio ou uma única célula dramática; alcance temático reduzido.
a) Conto tradicional, clássico ou anedótico

Início, meio e fim bem definido
Desfecho surpreendente
ex.: A causa secreta
b) Conto moderno ou de atmosfera

Explora a atmosfera ou os mistérios de um personagem


NOVELA

Única ação, número maior de personagens embora a novela demore um pouco mais na caracterização dos personagens.

Ritmo narrativo mais lento.
Ex.: Amor de perdição – Camilo Castelo Branco


ROMANCE

Narrativa mais longa, com mais de uma célula dramática.

Vários personagens

Diversos espaços

Vários tempos

Ex.: A moreninha


GRANDES ROMANCES ABORDAM:

VIDA POLÍTICA

IDEOLOGIA

FILOSOFIA E SOCIAL


FOCO NARRATIVO

NARRADOR = Voz hipotética que nos conta a estória. O autor escreve, o narrador fala.

Narrador em 1ª pessoa:

Narrador protagonista ou personagem

Narrador testemunha: fala de si mas concentra-se na vida de outra pessoa

Atentar para o modo subjetivo ao apresentar os fatos

NARRADOR EM 3ª PESSOA

Onisciente: Quando revela o pensamento dos personagens

Focalizador da narrativa: Narrador em 3ª pessoa que mostra o mundo pela perspectiva de uma personagem e não pela própria perspectiva

O narrador é uma espécie escondida de personagem!


PERSONAGEM

Agentes da ação que compõe a trama de qualquer narrativa.

Seres fictícios que veem a estória imaginada pelo autor e narrada pelo narrador

a) Planas: Previsíveis, não passam por transformações; esteriotipadas

b) Tipo: Encarnar propriedades coletivas.

sábado, 17 de outubro de 2009

O RETRATO OVAL /EDGAR ALLAN POE – FICÇÃO COMPLETA – CONTOS DE TERROR, MISTÉRIO E MORTE

O Castelo cuja entrada meu criado se aventurara a forçar para não deixar que eu

passasse a noite ao relento, gravemente ferido como estava, era um desses monumentos

ao mesmo tempo grandiosos e sombrios que por tanto tempo se ergueram carrancudos

entre os Apeninos, tanto na realidade como na imaginação da Sra. Radcliffe. Segundo

todas as aparências, tinha sido temporária e muito recentemente abandonado.

Aboletamo-nos em uma das salas menores e menos suntuosamente mobiliadas,

localizada num afastado torreão do edifício. Eram ricas, embora estragadas e antigas suas

decorações. Tapeçarias pendiam das paredes, adornadas com vários e multiformes

troféus de armas, de mistura com um número insólito de quadros de estilo bem moderno

em molduras de ricos arabescos de ouro. Por esses quadros, que enchiam não só todas

as paredes, mas ainda os numerosos ângulos que a esquisita arquitetura do castelo

formava, meu delírio incipiente me fizera talvez tomar profundo interesse. Assim é que

mandei Pedro fechar os pesados postigos da sala pois já era noite, acender as velas de um

enorme candelabro que se achava à cabeceira de minha cama e abrir completamente as

franjadas cortinas de veludo preto que envolviam o leito. Desejei que tudo isso fosse feito,

a fim de que pudesse abandonar-me senão ao sono, pelo menos, alternativamente, à

contemplação desses quadros e à leitura de um livrinho que encontrara sobre o

travesseiro e que continha a critica e a descrição das pinturas.Li, li durante muito tempo

e longamente contemplei aqueles quadros.

Rápida e esplendidamente as horas se escoaram e a profunda meia-noite chegou. A

posição do candelabro me desagradava e, estendendo a mão, com dificuldade, para não

perturbar o sono do criado, coloquei-o de modo a lançar seus raios de luz em cheio sobre

o livro.

Esse gesto, porém, produziu um efeito totalmente inesperado. Os raios das numerosas

velas (pois haviam muitas) caíam agora dentro de um nicho da sala que ate então

estivera mergulhado na intensa sombra lançada por uma das colunas da cama. E assim

vi, plena luz, um retrato até então despercebido. Era o retrato de uma jovem no alvorecer

da feminilidade. Olhei rapidamente para o retrato e depois fechei os olhos. Por que isso

fizera, eu mesmo não o percebi a principio. Mas, enquanto minhas pálpebras

permaneciam fechadas, revolvi na mente a razão de assim ter feito. Era um movimento

impulsivo, para ganhar tempo de pensar, para certificar-me de que minha vista não me

iludira, para acalmar e dominar a fantasia, forçando-a a uma contemplação mais serena e

mais segura.

Logo depois, olhei de novo, fixamente. para o quadro.

Do que então vi claramente não poderia nem deveria duvidar. Porque o primeiro clarão

das velas sobre aquele quadro como que dissipou o sonolento torpor que furtivamente se

apossava de meus sentidos e sem demora me pôs completamente desperto.

O retrato, como já disse, era o de uma jovem. Apenas a cabeça e os ombros, feitos na

maneira tecnicamente chamada vignette, e bastante no estilo das cabeças favoritas de

Sully.

Os braços, o colo, e mesmo as pontas do cabelo luminoso perdiam-se imperceptivelmente

na vaga porém profunda sombra formada pelo fundo do conjunto. A moldura era oval,

ricamente dourada e filigranada à mourisca. Como obra de arte, nada podia ser mais

admirável do que a própria pintura. Mas aquela comoção tão súbita e tão intensa não me

viera nem da execução da obra nem da imortal beleza do semblante. Menos do que tudo

poderia ter sido minha imaginação que despertada de seu semi torpor, teria tomado

aquela cabeça pela de uma pessoa viva. Vi imediatamente que as peculiaridades do

desenho, do trabalho do vinhetista e da moldura deviam ter de pronto dissipado tal idéia,

impedido mesmo seu momentâneo aparecimento. Permaneci quase talvez uma hora semierguido,

semi-inclinado, a pensar intensamente sobre tais pormenores, com a vista fixada

no retrato. Por fim, satisfeito com o verdadeiro segredo de seu efeito, deixei-me cair na

cama. Descobrira que o encanto do retrato estava na expressão de uma absoluta

aparência de vida que a princípio me espantou para afinal confundir-me, dominar-me e

aterrar-me.

Com profundo e reverente temor, tornei a pôr o candelabro em sua primitiva posição.

Afastada assim de minha vista a causa de minha aguda agitação, busquei avidamente o

volume que descrevia as pinturas e sua história. Procurando a página que se referia ao

retrato oval , li as imprecisas e fantásticas palavras que se seguem:

Era uma donzela da mais rara beleza e não só amável como cheia de alegria. E maldita

foi a hora em que ela viu, amou e desposou o pintor. Ele era apaixonado, estudioso,

austero e já tinha na Arte a sua desposada. Ela, uma donzela da mais rara beleza e não

só amável como cheia de alegria, toda luz e sorrisos, travessa como uma jovem corça;

amando com carinho todas as coisas; odiando somente a Arte, que era sua rival; temendo

apenas a paleta, os pincéis e os outros sinistros instrumentos que a privavam da

contemplação do seu amado. Era pois terrível coisa para essa mulher ouvir o pintor

exprimir o desejo de pintar o próprio retrato de sua jovem esposa. Ela era, porém,

humilde e obediente, e sentava-se submissa durante horas no escuro e alto quarto do

torreão, onde a luz vinha apenas de cima projetar-se, escassa, sobre a alva tela.

Mas ele, o pintor, se regozijava com sua obra, que continuava de hora em hora, de dia em

dia, e era um homem apaixonado, rude e extravagante, que vivia perdido em devaneios;

assim não percebia que a luz que caía tão lívida naquele torreão solitário ia murchando a

saúde e a vivacidade de sua esposa, visivelmente definhando para todos, menos para ele.

Contudo, ela continuava ainda e sempre a sorrir, sem se queixar, porque via que o pintor

(que tinha alto renome) trabalhava com fervoroso e ardente prazer e porfiava, dia e noite,

por pintar quem tanto o amava, mas que todavia, se tornava cada vez mais triste e fraca.

E, na verdade, alguns que viram o retrato falavam em voz baixa de sua semelhança como

de uma extraordinária maravilha, prova não só da mestria como de seu intenso amor por

aquela a quem pintava de modo tão exímio. Mas afinal, ao chegar o trabalho quase a seu

termo, ninguém mais foi admitido no torreão, porque o pintor se tornara rude no ardor

de seu trabalho e raramente desviava os olhos da tela, mesmo para contemplar o

semblante de sua esposa. E não percebia que as tintas que espalhava sobre a tela eram

tiradas das faces daquela que se sentava a seu lado. E quando já se haviam passado

várias semanas e muito pouco a fazer, exceto uma pincelada sobre a boca e um colorido

nos olhos, a alegria da mulher de novo bruxuleou, como a chama dentro de uma

lâmpada. E então foi dada a pincelada e completado o colorido. E durante um instante o

pintor ficou extasiado diante da obra que tinha realizado mas em seguida, enquanto

ainda contemplava, pôs-se a tremer e, pálido, horrorizado, exclamou em voz alta: "Isto é

na verdade a própria vida. Voltou-se, subitamente, para ver a sua bem-amada... Estava

morta!

O PROFESSOR TÁ SEMPRE ERRADO

Quando...



..é jovem, não tem experiência;



..é velho, está superado;



..não tem automóvel, é um coitado.



..tem automóvel, chora de "barriga cheia";



..fala em voz alta, vive gritando;



..fala em tom normal, ninguém escuta;



..brinca com a turma, é metido a engraçado;



..não brinca com a turma, é um chato;



..chama à atenção, é um grosso;



..não chama à atenção, não sabe se impor;



..a prova é longa, não dá tempo;



..a prova é curta, tira as chances do aluno;



..no falta ao colégio, é um "Caxias";



..precisa faltar, é um "Turista";



..conversa com os professores, está "malhando" os alunos;



..não conversa, é desligado;



..dá muita matéria, não tem dó dos alunos;



..dá pouca matéria, não prepara os alunos;



..escreve muito, não explica;



..explica muito, o caderno não tem nada;



..fala corretamente, ninguém entende;



..fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário;



..exige, é rude;



..elogia, é debochado;



..o aluno é reprovado, é perseguição;



..o aluno é aprovado, "deu mole";

É, o professor está sempre errado, mas... se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele !!!



[Desconheço a autoria]







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sábado, 3 de outubro de 2009

gabarito do 1º ano

Questões de 1 a 9 ver respostas no caderno de exercícios
10-- e
11- a
12- b
13- a
14-b
15- c
16- d
17- c

Galera, desculpe-me pela demora! Cadastrem-se no blog, quero ver quem tá pesquisando! BJS

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

GABARITO DA AVALIAÇÃO DO 2º ANO

1- C
2-
    I- v
    II- v
   III- v
   IV- f
   V- F
3-  I  e II
4-Ver apostila
5- c
6- d
7- b
8-b
9-b
10-c
11-a
12-b
13-a
14- c
15-d
16- c
17-b
É isso aí galera!!! Desculpe a demora. cadastre-se como seguidor, quero saber quem estuda e pesquisa!
BJAO
Profª Jac

sábado, 19 de setembro de 2009

Prova da UERJ

Tentem fazer a prova da UERJ! depois podemos discuti-la!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A EVOLUÇÃO NAS OBRAS DE MÁRIO DE ANDRADE

1. A poesia de Mário de Andrade mostra nítidos estágios de evolução: seu primeiro livro, Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917), mostra poemas ainda num estilo mais conservador. A preocupação é usar a poesia enquanto instrumento de paz e denunciar os horrores da primeira guerra mundial.
2. Os livros Paulicéia Desvairada (1922) e Losango Cáqui (1926) já denotam toda a sua tendência modernista: versos livres, linguagem solta e lírica, nacionalismo exaltado, principalmente em sua paixão declarada em cantar a cidade de São Paulo com toda a sua agitação, seu barulho, e elementos como o cimento armado, a garoa e a fumaça. São poemas que mostram a vida quotidiana, a preocupação em descrever simples idéias e emoções, uso da ironia e do poema-piada, a poesia-telegrama (poemas curtos, porém providos sempre de grande significação), a montagem e a colagem de imagens (características próprias da pintura de vanguarda) e divulgação das idéias de vanguarda (Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, etc.). O livro Paulicéia Desvairada, primeira obra poética modernista, já continha em seu início o famoso "Prefácio Interessantíssimo": conjunto de idéias onde são expostas as características do Modernismo.
3. O livro Clã do Jabuti (1927) já denota sua fase mais nacionalista, na busca de uma identidade mais brasileira dentro de sua poesia, com o vasto uso de nosso rico folclore, conciliando as tradições africanas, indígenas e sertanejas. Já sua última fase poética pode ser vista nos livros posteriores, principalmente em Lira Paulistana (1946), onde se tem uma poesia mais madura, pessoal, sem a ironia e a agitação dos primeiros anos do Modernismo. Os poemas nessa fase são marcados por um tom mais solene, sereno e triste.
4. Macunaíma (1928) Na prosa está presente todo o seu nacionalismo e sua forte ligação com o folclore. Há uma colagem de anedotas e lendas brasileiras, onde as culturas do norte e do sul convivem juntas. O personagem Macunaíma, anti-herói (ou "herói sem nenhum caráter", como sugere o livro) serve de ponte para a fusão de todas as nossas vertentes culturais, nossas tradições e expressões de linguagem. Em Macunaíma Mário de Andrade faz uma brincadeira descreve o surgimento das três raças que deram origem à população brasileira.
“Macunaíma e seus dois irmãos Jiguê e Maanape, pretos retintos, estavam no meio da mata quando Macuína enxergou numa lapa bem no meio do rio cheia d’água. E cova era que nem a marca dum pé de gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era a marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus para indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco e de olhos azulzinhos, água lavara o pretume dele, (...) Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé . Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse fito maluco atirando na água para todos os lados só conseguiu ficar com a cor bronze novo. (...) Maanape então é que foi se lavar, mas Jiquê esborrifava toda a água encantada para fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos . Por isso ficou negro (...). Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na águas santa".
5. Em Amar, Verbo Intransitivo, há a denúncia da hipocrisia da elite burguesa de São Paulo, bem como uma profunda análise psicológica dos personagens que retoma as teorias de Freud e desmistifica a relação familiar. O mesmo é constatado em muitos de seus contos, porém com um cenário diferente: bairros paulistas típicos ou suburbanos.
6. Mário de Andrade deixou ainda uma vasta lista de obras, principalmente a respeito de Música e Folclore, bem como correspondências a amigos e intelectuais, reunidas posteriormente sob a forma de livros

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MARIO DE ANDRADE/ MODERNISMO BRASILEIRO


Ode ao Burguês
Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
_ Um colar... _ Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!


Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
Poesias

Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917); Paulicéia Desvairada (1922); Losango Cáqui (1926); Clã do Jabuti (1927); Remate de Males (1930); Poesias (1941); Lira Paulistana (1946); O Carro da Miséria (1946); Poesias Completas (1955).


CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
• Poesia até o romance e o conto, além de suas importantes teses sobre a literatura em nosso país.

• Sua grande virtude está em quebrar com o Parnasianismo da elite, criando uma nova linguagem literária, mais brasileira .

• Trabalhando muito bem com a sonoridade das palavras, Mário resgata em nossas letras um vocabulário que une desde as palavras providas de línguas indígenas até os neologismos e estrangeirismos dos bairros italianos de São Paulo.

domingo, 6 de setembro de 2009

PARNASIANISMO DE OLAVO BILAC

 Olavo Bilac publica, em 1888

 “príncipe dos poetas brasileiros”.

 Foi o autor da letra do Hino à Bandeira, musicada pelo maestro Francisco Braga.

O seu livro Poesias contém três partes distintas:

 Panóplias: poemas onde há:


a) predomínio das descrições ornamentais;


b) referência à cultura greco-latina;

 Via-láctea: trinta e cinco sonetos impregnados de um lirismo amoroso platônico;

 Sarças de fogo: poemas eróticos e satíricos.

 Tarde, seu livro póstumo, contém admiráveis sonetos, diferentes dos de Via-láctea; comparáveis aos de Camões e de Antero de Quental, quer pela beleza formal, quer pelo conteúdo.


Características da obra de Olavo Bilac:

• Sensualidade e platonismo alternam-se em seus poemas líricos;
• Formalismo;
• Utilização de temas greco-romanos, principalmente da mitologia;
• Uso freqüente da natureza;
• Exaltação da pátria;
• Didatismo sobre temas como trabalho, pátria, família, etc.

Um beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!



Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,

e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto..


Remorso
Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!


Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,


Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!


“Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar” Maldição
Se por vinte anos, nesta furna escura,
Deixei dormir a minha maldição,
_ Hoje, velha e cansada da amargura,
Minha alma se abrirá como um vulcão.
E, em torrentes de cólera e loucura,
Sobre a tua cabeça ferverão
Vinte anos de silêncio e de tortura,
Vinte anos de agonia e solidão...
Maldita sejas pelo ideal perdido!
Pelo mal que fizeste sem querer!
Pelo amor que morreu sem ter nascido!
Pelas horas vividas sem prazer!
Pela tristeza do que eu tenho sido!
Pelo esplendor do que eu deixei de ser!..."










domingo, 30 de agosto de 2009

Vanguardas Europeias e o Modernismo Brasileiro


Em meados do século XIX, um novo complexo ideológico-literário se projetava nas vanguardas, movimentos radicais que alteraram os rumos da Literatura e das demais artes no século
XX. As vanguardas provocaram resultados artístico-culturais significativos em um mundo em crise, com espírito de guerra. As principais manifestações vanguardistas são: Futurismo (1909), Expressionismo (1910), Cubismo (1913), Dadaísmo (1916) e Surrealismo (1924). O precursor do Futurismo foi Marinetti (1876-1944), que publicou O futurismo — o primeiro de uma série de manifestos futuristas — em 20 de fevereiro de 1909, no jornal francês Le Figaro. Conforme Massaud Moisés (1994, p. 107),
as características do Futurismo parecem encaminhar-se para o Romantismo, retomado naquilo que a estética do século XIX poderia ter de mais anárquico, de mais revolucionário: o culto da liberdade artística, o culto da intuição, em detrimento da racionalidade. Contudo, paradoxalmente, o Futurismo também se insurge contra
o Romantismo, quando rejeita a noção do Eu, o psicologismo, o sentimentalismo. Em 1912, Marinetti publicou o Manifesto Técnico da Literatura Futurista, propondo, especialmente, a rejeição do passado, do academismo e a destruição das tradições, além de incentivar o verso livre (sem metrificação rígida), a destruição da sintaxe com o uso livre das palavras, com o verbo sempre conjugado no infinitivo, com a abolição do adjetivo, do advérbio e da pontuação, com o emprego de substantivos duplos. Para Lucia Helena (2000, p. 17), no entanto,
Com o significado de “consciência do futuro”, o termo futurismo é anterior a Marinetti, mas é ele quem lhe atribui o sentido que hoje possui: o de ser uma nova forma de arte e ação, uma “lei de higiene mental”, um movimento que pretende ser “antitradicional, renovador, otimista, heróico, dinâmico, e que se ergue sobre as ruínas do passadismo”. [aspas do original]
Segundo Gilberto Mendonça Teles (1987, p. 85-86), a história do futurismo pode ser dividida em três fases:
• a de 1905 a 1909, em que o princípio estético defendido é o verso livre • a de 1909 a 1914, quando se redige a maior parte dos manifestos e se luta pela imaginação sem fios e pelas palavras em liberdade • a de 1919 em diante, quando se fundou o fascismo, e o futurismo se transforma em porta-voz oficial do partido. O Futurismo apega-se ao novo de tal forma, que defende a destruição de museus e cidades antigas. De modo agressivo e extravagante, prega a guerra como "higienização do mundo”. Teles (1987, p. 86) afirma que o Futurismo
foi, em linhas gerais, um movimento estético mais de manifestos que de obras. Assim, mais pelos manifestos do que pelas obras o futurismo exaltou a vida moderna, procurou estabelecer o culto da máquina e da velocidade, pregando ao mesmo tempo a destruição do passado e dos meios tradicionais da expressão literária, no caso, a sintaxe: usando as palavras em liberdade, rompia a cadeia sintática e as relações passavam a se fazer através da analogia.
O Expressionismo é uma tendência estética originária da Alemanha, que defendia a expressão direta das emoções do artista, vindo a influenciar de forma significativa a Música e a Literatura. Segundo Coutinho (1988, p. 242),
O expressionismo consiste num subjetivismo total. […], que supera qualquer consideração referente a ação, personagem ou ambiente. […] o expressionista representa suas próprias visões, sentimentos, emoções, intuições. […] “expressa” o que tem dentro de si. […] O que lhe interessa […] é a interpretação pessoal […] o mundo exterior é desprezado […] Extremo subjetivismo, o Expressionismo é uma forma altamente intelectualizada de arte, tendendo para o abstrato, para o intelectualismo, em que a inteligibilidade nem sempre é característica, dada a dificuldade para o leitor de penetrar no mundo abscôndito do artista, nem sempre acessível à representação verbal.
Segundo Teles (1987, p. 105), o Expressionismo ultrapassou a condição de um simples movimento artístico. Indo além, atingiu foros de revolução cultural, dada a superação, tanto em unidade como em coerência, das ruidosas manifestações futuristas, assinalando inclusive a clara antecipação de alguns aspectos essenciais do Surrealismo, tais como a defesa ao abandono da lógica e a prática do automatismo psíquico.
Em certa medida como reverberação do Futurismo, surge o Dadaísmo, em 1916, teorizado por Tristan Tzara e que, se comparado aos outros movimentos de vanguarda, foi o mais radical. Defendia, sobremaneira, a destruição das formas e valores acadêmicos conservadores. Depois do Futurismo, é o movimento que apresenta maior número de manifestos. “De acordo com Tristan Tzara (...) ‘Dada não significa nada’ e este nada é a sua palavra-chave” (LUCIA HELENA, 2000, p. 32) [aspas e grifos do original]. Acerca do objetivo dadaísta — a destruição — escreve Tzara (apud LUCIA HELENA, 2000, p. 33) em seu Manifesto Dada, de 1918 que, destruindo “as gavetas do cérebro e as da organização social” seria possível “lançar a mão do céu ao inferno, os olhos do inferno ao céu, restabelecer a roda fecunda de um circo universal nos poderes reais e na fantasia de cada indivíduo”. Na leitura de Teles (1987, p. 131-132), o Dadaísmo
foi o mais radical movimento intelectual dos últimos tempos, superando pela intensidade e dimensões estéticas os grandes movimentos de pessimismo e ruptura, como o “Sturm und Drang”, o “mal du siècle” e o decadentismo do final do século
XIX. (…) O futurismo lançou-se contra o passado e sonhou uma superliteratura no século da “velocidade”; o expressionismo via a destruição do mundo, mas sabendo que do caos se organizaria uma estrutura superior, que era a verdadeira beleza. Para os dadaístas, entretanto, não havia passado, nem futuro: o que havia era a guerra, o nada; e a única coisa que restava ao artista era produzir uma antiarte, uma antiliteratura (…). [aspas do original] Essa concepção de destruição dadaísta, na linha de uma oposição total de origens ou sementes, leva à aniquilação das coisas e valores até então aceitos. Dessa forma, a “antiarte” e a “antiliteratura” pensada pelos dadaístas mostram-se, também, como tentativa de confrontar e disseminar a destruição dos moldes acadêmicos vigentes.
Outra corrente vanguardista importante é o Cubismo. De acordo com Lucia Helena (2000, p. 31), os cubistas procuram distanciar-se de seus “estados de espírito, especular desapaixonadamente a respeito dos objetos, adquirir nuanças através do pensamento e não do sentimento”. É marco cubista as Senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, em que se privilegia a tridimensionalidade: é como se um mesmo objeto fosse visto por olhares, ângulos e lugares diferentes. Na Literatura, os princípios do Cubismo aparecem na poesia. A linguagem é desmontada, com planos superpostos e simultâneos, em busca da simplicidade e do que é essencial para a expressão. O resultado corresponde a palavras soltas, escritas na vertical, sem a continuidade tradicional — com sentido múltiplo, sem dúvida, mas construído artificial e arbitrariamente. Sobre as influências e adaptações que o Cubismo processou na poesia, particularmente a francesa, escreve Teles (1987, p. 115)
que Max Jacob, Reverdy, Salmon, Cendrars e outros, em torno de Apollinaire, desenvolveram um sistema poético de subjetivação e desintegração da realidade, criando por volta de 1917, paralelamente ao dadaísmo, uma poesia cujas características são o ilogismo, o humor, o antiintelectualismo, o instantaneísmo, a simultaneidade e uma linguagem predominantemente nominal e mais ou menos caótica.
Como último movimento de vanguarda antecipador/formador/divulgador do Modernismo figura
o Surrealismo1, surgido, oficialmente, em 1924, na França, com a divulgação do panfleto Um cadáver — pela morte de Anatole France, prêmio Nobel de Literatura. O foco dos surrealistas residia em explorar o inconsciente, o maravilhoso, o sonho, a loucura, os estados alucinatórios, ou seja, tudo o que fosse inverso à tradição da lógica e da racionalidade. Assim, o inconsciente torna-se material de destaque, os elementos do sonho são representados tais e quais, sem o trabalho do sonho, nem sua interpretação: arquitetura, ruínas, praças e arcadas desertas, estátuas cegas constituem o cenário onde evoluem manequins, esgrimistas com máscaras, luvas de borracha e pêndulos. É nosso mundo, a perspectiva lá está, mas ele surge como desrealizado pela justaposição e pela desproporção. (COMPAGNON, 1999, p. 75)
No Surrealismo, destacam-se a crítica ao Positivismo e ao Racionalismo; o elogio à colaboração de Freud, vista como imprescindível; a consagração do sonho, do maravilhoso, da liberdade e da “imagem” surrealista. Segundo Lucia Helena (2000, p. 38), o Surrealismo, como movimento de vanguarda, expressa a sua relação com os movimentos vanguardistas que o antecederam, pois tem sido encarado
como caudatário das duas décadas de experimentalismo estético e de agressividade polêmica das vanguardas que o precederam. É verdadeira a sua dívida para com o Futurismo (a paixão pela modernidade) e para com o Dadaísmo (criar uma antiarte e uma antiliteratura). Mas o movimento pretende ir além disso, promovendo uma revolução no campo da linguagem enquanto tal, isto é, na capacidade de continuamente “dar forma a uma consciência sempre superada da realidade, seja ela qual for”. [aspas e grifos do original]
Ao aproximar as principais vanguardas européias que, de uma forma ou outra, foram tidas como respaldo para o movimento Modernista que emergiu, Gilberto Mendonça Teles (1987, p. 29) afirma que
De um modo geral, todos esses movimentos estavam sob o signo da desorganização do universo artístico de sua época. A diferença é que uns, como o futurismo e o dadaísmo, queriam a destruição do passado e a negação total dos valores estéticos presentes; e outros, como o expressionismo e o cubismo, viam na destruição a possibilidade de construção de uma nova ordem superior. No fundo eram, portanto, tendências organizadoras de uma nova estrutura estética e social.
No entre-guerras, a Arte e a Literatura apresentam-se tal qual a sociedade da época: num desconforto geral causado pela insatisfação/repulsa com relação às velhas formas, em crescente decadência. Afrânio Coutinho (1988, p. 244) afirma que, na Literatura Brasileira Modernista, isso se mantém:
vamos encontrar a valorização de diversas categorias que a colocam em antítese às épocas “antigas”. Em vez da universalidade e do absoluto, o que lhe importa é o particular, o local, a circunstância, o pessoal, o objetivo, o relativo, o detalhe, a multiplicidade; em lugar da permanência, é a mudança, a diversidade, a variedade; ao absoluto, prefere o relativo, à Verdade, muitas verdades; às normas absolutas, o relativismo e a diversidade de experiência artística e dos casos individuais; à estabilidade, o movimento; à Natureza, a natureza humana; (...) à descrição e revelação do mundo exterior, o sentimento da existência subjetiva; fugindo à tradição da nobreza, dignidade e decoro, incorporou os assuntos baixos e sujos, a realidade cotidiana, o terra-a-terra, o circunstancial e o particular.
Massaud Moisés (1988, p. 166) contextualiza a pluralidade de avanços que se processam na Europa em princípios do século XX, a partir da Literatura:
1 Faz-se importante notar que, em Portugal, o movimento surrealista veio a ter repercussão apenas a partir de 1947.
O Com efeito a aurora do novo século trouxe modificações profundas, e mesmo radicais, gestadas durante o longo sono do Romantismo e suas metástases simbolistas, parnasianas e realistas. Como se bastasse o dobrar da centúria para irromperem as forças represadas, tem início um balanço do passado imediato, de que resulta um período fervilhante à luz da modernidade: de repente um frêmito de liberdade plena e a arte entra a refletir uma ebulição talvez nunca antes experimentada, cujo processo ainda está em curso. Nos vários campos do saber, nota-se o ingresso numa era nova, e em pouco tempo avoluma-se a sensação de se progredir numa década o equivalente a um século ou mais.
O afã da belle époque se encerra com o início da I Guerra Mundial. Impulsionadas pelo culto à modernidade, surgem as vanguardas européias para defender, de modo geral, a completa ruptura com as tendências clássicas. Baudelaire influenciará o primeiro momento do Modernismo Português que, subseqüente à fase simbolista, vê instaurar-se o segundo momento — o de ruptura —, de que faz parte a Geração de Orpheu e sua Revista. Na esteira da ruptura, o movimento que prenunciava por manifestar-se, no Brasil, e que explode em fevereiro de 1922, com a Semana de Arte Moderna, tendo se estendido, segundo alguns autores, até as décadas de 60/70, recebeu o nome de Modernismo. Este movimento teve suas primeiras manifestações após a I Guerra Mundial, reagindo contra o movimento estético parnasiano decadente, mas ainda difundido à década de 20, pelas academias. Em virtude disso, alguns críticos da História Literária Brasileira localizam as produções do início do século sob o nome de Pré-Modernismo, aí sendo enquadrados autores como Euclides da Cunha, Augusto dos Anjos, Monteiro Lobato e Lima Barreto, que rompem já com o padrão estabelecido, mas ainda não introduzem efetivamente as alterações pelas quais os modernistas se caracterizarão. Embora menos conturbado que em Portugal, este período do início de século no Brasil tem marcas importantes que contribuem para a fixação da ruptura que a década de 20 confirma.
Situando historicamente as manifestações artístico-literárias antecedentes e decorrentes da Semana, após os governos militares do início da República (que ocorre em 1889), os senhores rurais retornam ao poder, fortalecidos pela ascendente política “café com leite”, localizada no eixo São Paulo-Minas Gerais. Tal política estava baseada, obviamente, no poder que se afirma por questões econômicas, de modo que, no cenário nacional, os presidentes eleitos, alternativamente, provinham de ambos os estados hegemônicos: eram ora paulistas, ora mineiros, o que perdurou até 1930, com a entrada do gaúcho Getúlio Vargas no circuito político. Por outro lado, as principais cidades brasileiras, em particular a cidade de São Paulo, conheceram uma rápida transformação, como decorrência do processo industrial, que se intensificou com a I Guerra Mundial, associado a uma crescente urbanização.
Ao mesmo tempo, aumentava o número de imigrantes europeus que se dirigia para as zonas rural, onde havia a produção do café, e urbana, onde estavam as indústrias. Vale referir que o operário urbano de origem européia trazia consigo uma experiência de lutas classistas, aliada à efervescência das discussões acerca do Socialismo e do Anarquismo, que trouxeram na bagagem também, o que veio a se difundir nas indústrias paulistas. Como conseqüência desse engajamento sócio-político, São Paulo assistiu às greves.
É em meio a essa efervescência que o Movimento Modernista Brasileiro, a princípio, por trazer em seu bojo o desejo do vindouro que se anunciava, recebeu o nome de Futurismo — e isso pode ser verificado, por exemplo, no artigo Meu amigo futurista, escrito por Oswald de Andrade, que assim se referia a Mário de Andrade, seu colega de “bagunça”. Entretanto, pela aproximação que o Futurismo de Marinetti estabeleceu com o Fascismo, os brasileiros passaram a repudiar o termo — e Mário de Andrade chegará a afirmar, em seu Prefácio Interessantíssimo, “Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o. Tenho pontos de contato com o futurismo. Oswald de Andrade, chamou-me de futurista, errou. (…)” (TELES, 1987, p. 299)
Além disso, se as manifestações brasileiras modernistas fossem denominadas futuristas, não passariam de mais importações, ou “ismos”, da Europa. Em busca do estabelecimento de uma efetiva literatura nacional, voltada para o seu “primitivismo nativo”, como virá a afirmar Antônio de Alcântara Machado, nos registros de Almeida Prado (1993), é que o país passou, nos princípios do século XX, por uma fase sincretista, de transição, de (re)aproveitamentos e de (re)estruturação, não deixando de se apropriar dos movimentos vanguardistas europeus. Tal apropriação caracteriza-se pela incorporação consciente das novidades dos centros culturais europeus, principalmente da França, nos pontos que interessam aos artistas brasileiros, mas não pelo simples fato da importação do novo
e sim pelo viés da absorção e da apropriação, imprimindo ares nativos ao reciclado, tornando tais novidades passíveis de mudanças e adequações às necessidades culturais brasileiras, num espaço de cultura que (re)descobria seus valores. Aí é que a antropofagia cultural de Oswald de Andrade tomará corpo como proposta literária — embora venha a ser teorizada apenas na década de 70, com
o Tropicalismo. Aliados ou influenciados pelas manifestações em busca do novo, que tinham por objetivo abandonar as velhas formas e modelos, houve, no Brasil, antes da Semana de Arte Moderna, importantes acontecimentos que, mesmo isolados, possibilitaram/impulsionaram os jovens artistas/autores a apresentarem as novas tendências na Semana. Em 1912, ao retornar de sua primeira viagem à Europa, Oswald de Andrade traz consigo o conhecimento da primeira das vanguardas, o Futurismo, através do Manifesto Técnico da Literatura Futurista, de Marinetti; entre 1912 e 1915, em São Paulo, o mesmo Oswald procura criar, através da imprensa e de sua ação pessoal, a consciência de renovação modernista; em 1913, igualmente em São Paulo, Lasar Segall realiza sua primeira exposição de pintura expressionista; no ano de 1914, Anita Malfatti expõe suas telas com influência impressionista alemã e, ainda neste mesmo ano, o professor Ernesto Bertarelli escreve, em O Estado de São Paulo, o primeiro artigo acerca do Futurismo: As lições do Futurismo. Em 1915, o poeta brasileiro Ronald de Carvalho junta-se a Luís de Montalvor, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, entre outros, na aventura da Revista Orpheu, editada em Portugal. Dois anos depois, em 1917, após retornar dos Estados Unidos, Anita Malfatti realiza sua segunda exposição, novamente em São Paulo, com temática indubitavelmente modernista. Em relação à exposição, Monteiro Lobato faz acirrada crítica no artigo intitulado Paranóia ou Mistificação?. Como se vê, o Modernismo e São Paulo estavam predestinados a apresentar ao Brasil, e ao mundo, na década de 20, o que se produzia em consonância com o diferente, com a ruptura.
Segundo Coutinho (1988, p. 259), “Na fase que antecedeu o Modernismo, duas correntes se defrontam: a dos arcaizantes, presos à magia do passado e fiéis aos cânones consagrados, e dos precursores, que o prenunciaram e o propagaram”. Os primeiros preocupavam-se com a construção,
o vocabulário pomposo, prevalecendo a forma sobre o conteúdo. Contra essa cultura passadista surgem novos artistas para derrubar o ultrapassado. Os então chamados modernistas, na trilha dos que prenunciaram e propagaram o Modernismo, absorviam as informações que chegavam da Europa com as publicações estrangeiras e com quem viesse de lá trazendo idéias e técnicas inovadoras. Explica Lucia Helena (2000, p. 06) que Os movimentos de vanguarda conheceram uma rápida irradiação para além de suas fronteiras de origem. Assim é que, no Brasil dos anos 20, há um clima de efervescência e discussão daqueles procedimentos, aliado ao debate de problemas artísticos e culturais internos. Esta fase, que dá ensejo ao surgimento de nosso Modernismo, é chamada de heróica, pelo seu cunho guerreiro e desbravador, e ocorre por volta dos anos de 1920 a 30, período durante o qual se realiza a conhecida Semana de Arte Moderna de 1922. [grifos do original]
Nesse molde, a Semana não foi o ponto de partida, mas o ápice da renovação que se manifestava desde princípios do século XX, ainda que seja referida como marco do Movimento Modernista Brasileiro. Conforme explicita lucidamente Afrânio Coutinho (1988, p. 261),
Vindo de antes, na Semana de 1922 o movimento adquire coordenação e espírito coletivo. É assim apenas um marco, a Semana. Além disso, desse modo interpretado, o Modernismo não se reduz (...) a “uma ocorrência de apenas sete dias, mas [é] algo que nasceu antes dela e que, se se houvesse limitado a um semana, não teria chegado a 1952”.2 A Semana foi apenas o abscesso de fixação de um movimento, que era antes um estado de espírito geral, e do qual participavam, por “necessidade histórica” (…), numerosos jovens intelectuais e artistas que não estiveram, na Semana, e que vieram a ter papel de relevo no Modernismo. [aspas do original]
Será a partir do que as vanguardas proclamam — ou da ruptura com o antigo, num movimento contínuo de renovação, na busca do novo — que se sedimentará, a partir do Modernismo,
2 Trecho de Cassiano Ricardo, respondendo ao inquérito sobre o trigésimo aniversário da Semana, publicado no Diário Carioca do Rio de Janeiro, datado de 30 de março de 1952.
a tradição da ruptura, que se instaura como tradição moderna, e do que emerge a noção do “voltada contra si mesma”. Em solo brasileiro, as vanguardas européias influenciaram, sobretudo, as artes plásticas, tendo se destacado, dentre todas, a influência francesa. Portugal já não mais interessava ao Brasil, pelo contrário, a repulsa ao luso era o que predominava, ao menos culturalmente, em vista do crescente afã nacionalista. Contudo, Portugal e Brasil apropriaram-se das mesmas fontes estrangeiras. Assim, as duas literaturas nacionais confluem em alguns pontos no início do século passado — prova disso foi a participação de Ronald de Carvalho na fundação da Revista Orpheu, em 1915.
Apesar das diferenças entre as vanguardas, todas compreendiam que os moldes acadêmicos e conservadores de Arte estavam envelhecidos e cristalizados. A característica de renovação proposta pelas vanguardas para se chegar “à essência da arte” far-se-á constante a ponto de se tornar, contraditoriamente, tradição. Tradição, em sua acepção mais usual, é o ato de transmitir modelos, crenças, valores de uma geração à outra. Na medida em que essa “tradição imposta” se mantém — ou esse ato de transmitir inevitavelmente —, desenvolve-se uma relação de dependência com o ponto original de transmissão. A existência de uma “tradição moderna” (leia-se tradição da ruptura) parece, em princípio, absurdo. Considerando, no entanto, o spleen de Baudelaire e a proposta de “novo” defendida por Rimbaud, de multiplicar o progresso, pode-se considerar que a tradição moderna possui tais momentos como precedentes, os quais virão também a antecipar, inclusive, as vanguardas européias. Mas o moderno — tido como avanço, progresso, evolução — não mais será exatamente o mesmo.
Nesse sentido, as discussões de forma, métodos e abordagens sofrem alteração, descolando-se da noção de valor: a modernidade estética se define pela negação — antiburguesa, autônoma e polêmica. Dessa forma, o postulado pela tradição de que o “velho” é melhor que o “novo” esfacela-se e instaura-se a concepção de que o “velho” não significa, exatamente — ou necessariamente —, algo melhor que o “novo”. Na mesma medida, não significa também que o “novo” seja melhor que o “velho”, ou o “velho melhorado”. A tradição da ruptura parte não em busca do “novo” ou do “melhor”, mas do “diferente”.
Compagnon (1999), ao escrever sobre a modernidade, aponta quatro traços que a caracterizam: o não-acabado,o fragmentário,a insignificância ea autonomia.O não-acabado é característica inevitável da modernidade, pois evoca a velocidade do mundo moderno — as obras serão um esboço daquilo que se pretende, contudo, o processo nunca estará terminado, visto ser impossível acompanhar todos os movimentos da modernização. Nesse sentido, o fragmentário é encarado como forma de movimento, uma vez que registra detalhes e impressões rápidas do momento. A associação do não-acabado com o fragmentário provoca a indeterminação/perda do sentido, ou a insignificância, ou seja, a composição harmoniosa proposta pelo antigo cede espaço a imagens pouco convencionais. Como último traço da modernidade — nem por isso menos importante
— está a autonomia, que, vinda da consciência crítica existente no próprio autor, faz com que ele construa suas regras, modelos e critérios para o que considera arte. Assim, nas produções artístico-literárias que nortearam a Geração de Orpheu e a Semana de Arte Moderna repercutem elementos de uma arte que se encaminha para o não-acabado,o fragmentário,a insignificância ea autonomia. Nesse sentido, embora traçando percursos diferentes, evidencia-se que ambos os movimentos tomaram contato com a vanguarda européia, primeiro ponto de difusão da modernidade, e a abrigaram em seu bojo: em Portugal, via cosmopolitismo; no Brasil, via regionalismo.